quinta-feira, 13 de outubro de 2011

ESPECIAL CÍRIO DE NOSSA SENHORA DE NAZARÉ - ÍCONES

Imagens



Imagem Autêntica - Chamada de imagem “autêntica” ou “imagem do achado”, a escultura de madeira encontrada pelo caboclo Plácido, no ano de 1700, tem 28 cm de altura, cabelos caídos sobre o ombro direito e carrega ao colo o Menino Jesus despido com um globo nas mãos. Aos pés da Virgem, há a cabeça alada de um anjo, que é o símbolo iconográfico da glória celestial.

   Na Basílica Santuário de Nossa Senhora de Nazaré, a imagem autêntica fica em redoma de cristal no altar-mor, o Glória , entre anjos, nuvens e um belo esplendor de raios. De lá, ela só é retirada uma vez ao ano, numa cerimônia conhecida como a “Descida da Imagem” ou “Descida do Glória”, que ocorre na véspera do Círio, às 13h.

   Após a descida do Glória, d urante toda a quinzena da Festa, a imagem fica num nicho instalado no presbitério, portanto mais perto dos devotos.

   Desde que foi encontrada, a imagem autêntica já foi restaurada três vezes. Ela é coberta por um manto canônico, trabalhado com fios e enfeites de ouro.

   Imagem Peregrina - A partir de 1969, por motivos de segurança, a imagem autêntica que era levada nas procissões do Círio foi substituída por outra, que é uma cópia alterada da imagem encontrada por Plácido. É chamada de “imagem peregrina” porque sai em todas as procissões e cerimônias oficiais da festa Nazarena . Durante o ano, ela fica na sacristia da Basílica Santuário.

   Esta imagem foi encomendada ao escultor italiano Giacomo Mussner, mas não reproduz os mesmos traços da imagem “autêntica”. A imagem peregrina ganhou alguns traços da mulher da Amazônia e o seu menino recebeu características indígenas e caboclas. Em 2002, sofreu o primeiro restauro por meio de uma técnica empregada pelo Iphan - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

Mantos

   Segundo a lenda do achado da Imagem da Virgem de Nazaré, ela já estava com um manto no momento em que foi encontrada pelo caboclo Plácido. A tradição foi mantida e, ao longo dos anos, ela foi ganhando vários outros. Em 1953, a imagem autêntica recebeu um manto bordado a ouro e pedras preciosas, durante o 6º Congresso Eucarístico Nacional, realizado em Belém, ocasião em que recebeu a Coroa Pontifícia.

   A confecção dos primeiros mantos é atribuída à irmã Alexandra, da Congregação das Filhas de Sant'Ana, do Colégio Gentil Bittencourt. Ela confeccionava o manto e o promesseiro doava o material. Foi assim até sua morte, em 1973. Depois disso, quem assumiu a missão foi a ex-aluna e ajudante, Esther Paes França. Até 1992, ela já tinha feito 19 mantos. Daí em diante, vários católicos passaram a confeccionar o manto. Estilistas famosos também têm desenhado e confeccionado os mantos anualmente.

   Uma informação curiosa é que, até o ano de 1998, a doação do manto era guardada em sigilo e sempre fruto de promessas feitas a Nossa Senhora de Nazaré. Depois disso, estilistas famosos também passaram a confeccionar os mantos anualmente.


Berlinda

  


  A Berlinda Hoje - A berlinda que carrega a imagem da Virgem de Nazaré na procissão do Círio já é a quinta da história. Confeccionada em 1964 pelo escultor João Pinto, ela tem estilo barroco e é esculpida em cedro vermelho. Na parte interna possui cetim drapeado no teto e pingentes de cristal. Ao centro tem um dispositivo próprio para fixação da Imagem. Ornamentada com flores naturais na véspera do Círio, a Berlinda é colocada sobre um carro com pneus, que na procissão é puxado pela corda conduzida pelos devotos.

   História da Berlinda - A berlinda começou a fazer parte do Círio a partir de 1855, em substituição a uma espécie de carruagem puxada por cavalos ou bois, chamada de palanquim. Neste mesmo ano, com a necessidade da Berlinda ser puxada pelos fiéis para vencer um atoleiro, os animais foram substituídos por uma corda, que foi emprestada às pressas por um comerciante e que, depois, foi incorporada à tradição do Círio. Mesmo com a introdução da berlinda, foi mantido o costume da imagem ser carregada no colo de autoridades da Igreja. Mas, em 1880, o Bispo Dom Macedo Costa mandou fazer uma berlinda que levasse a imagem sozinha. Em 1926, a berlinda foi transformada em andor e assim saiu até o Círio de 1930. No ano seguinte, ela voltou ao seu formato original, sendo puxada pelos fiéis através da corda.

Corda

   A Corda Hoje - A corda puxada pelos promesseiros é um dos maiores ícones da grande procissão do Círio e, também, da Trasladação. Hoje, ela tem 400 metros de comprimento, duas polegadas de diâmetro e é produzida em titan torcido de sisal oleado.

   Enfileirados, homens e mulheres puxam a corda que faz a berlinda com a imagem da Santa se movimentar. Anteriormente amarrada à berlinda, a partir de 1999 ela passou a ser atrelada através de uma argola metálica. O atrelamento ocorre no Boulervard Castilhos França, 400 metros depois do início da procissão.

   Como são os promesseiros da corda que dão ritmo à procissão, em alguns anos ela precisou ser desatrelada antes do término da romaria para que o Círio pudesse seguir mais rapidamente.

   Até 2003, o formato da corda era de “U”, ou seja, as duas extremidades da corda eram atreladas à berlinda. A partir de 2004, por motivos de segurança, ganhou formato linear, seccionada por peças de duralumínio, o que deu origem às chamadas estações da corda.

   História da Corda - Durante a procissão de 1855, quando a berlinda ficou atolada por conta de uma grande chuva, a Diretoria da Festa teve a idéia de arranjar uma grande corda, emprestada às pressas de um comerciante, para que os fiéis puxassem a berlinda. A partir daí, os organizadores do Círio começaram a se prevenir, levando sempre uma corda durante a romaria. Mas só no ano de 1885, a corda foi oficializada no Círio, substituindo definitivamente os animais que puxavam a berlinda.

   No Círio de 1926, o arcebispo Dom Irineu Jofilly suprimiu a corda do Círio, já que “não compreendia o comportamento na corda, onde homens e mulheres se empurravam em atitudes nada devotas”. A proibição gerou várias manifestações populares e políticas, mas chegou a durar cinco anos. Só em 1931, com intervenção pessoal de Magalhães Barata, então governador do Estado, a corda voltou a fazer parte do Círio.

Carros

   Além da berlinda, outros treze carros acompanham a procissão do Círio. Eles são um símbolo importante da devoção mariana, onde os romeiros depositam objetos de promessa que carregam durante a procissão

   Um desses carros – o dos Milagres – se refere ao milagre que teria ocorrido no ano de 1182, quando o fidalgo português Dom Fuas Roupinho, prestes a despencar num abismo com seu cavalo, recorreu a Nossa Senhora de Nazaré.

   Há, também, o Carro do Caboclo Plácido, o Barco dos Escoteiros, a Barca Nova, Carro do Anjo Custódio, Barca com Velas, Carro do Anjo Protetor da Cidade, a Barca Portuguesa, o Carro dos Anjos I, Barca com Remos, Carro dos Anjos, o Carro da Santíssima Trindade e o Cesto das Promessas.

Cartazes

   A cada ano, os cartazes do Círio são produzidos para distribuição à população, que tem por hábito afixar nas portas de suas casas, como uma homenagem daquele lar à padroeira.

Hinos e Orações

   “Vós Sois o Lírio Mimoso” é considerado o hino oficial do Círio de Nazaré. Composto em 1909 pelo poeta maranhense Euclides Farias, posteriormente, foi acrescido de um estribilho – escrito pelo advogado Aldebaro Klautau - que cita o nome da Senhora de Nazaré.

   O hino "Virgem de Nazaré" é, originalmente, um poema de autoria da poetisa paraense Ermelinda de Almeida, que por volta dos anos 60 foi musicado pelo Pe. Vitalino Vari.

   "Maria de Nazaré" tem letra e música do sacerdote mineiro Pe. José Fernandes de Oliveira (Pe. Zezinho) e foi composto em 1975.

   "Nossa Senhora da Berlinda", tem letra e música do Pe. Antônio Maria Borges e foi composto em 1987.

Hinos

VÓS SOIS O LÍRIO MIMOSO
Vós sois o lírio mimoso
do mais suave perfume
que ao lado do santo esposo
a castidade resume.

Refrão:
Ó Virgem Mãe amorosa fonte de amor e de fé
dai-nos a benção bondosa, Senhora de Nazaré (2x).

De vossos olhos o pranto
é como a gota de orvalho, que dá beleza e encanto
a flor pendente do galho.

Se em vossos lábios divinos
um doce riso desponta, nos esplendores dos hinos
noss'alma ao céu se remonta.

Vós sois a flor da inocência
que nossa vida embalsama, com suavíssima essência
que sobre nós se derrama.

Quando na vida sofremos
a mais atroz amargura, de vossas mãos recebemos
a confortável doçura.

Vós sois a ridente aurora
de divinais esplendores, que a luz da fé avigora
nas almas dos pecadores.

Sede bendita, Senhora
farol da eterna bonança, nos altos céus onde mora
a luz da nossa esperança.

E lá da celeste altura
do vosso trono de luz
dai-nos a paz e ventura
por vosso amado Jesus.

VIRGEM DE NAZARÉ
Virgem de Nazaré, Mãe de concórdia / derrama sobre nós misericórdia!

Refrão:
Virgem de Nazaré, luz que nos guia, / Ave Maria!, Ave Mari i a!

Virgem de Nazaré, Mãe carinhosa / oscula nossa fronte, generosa!
Virgem de Nazaré, graça e poder / livra o mundo do sofrer!
Virgem de Nazaré, força e esperança / alcança-nos de Deus: paz e bonança!

MARIA DE NAZARÉ
Maria de Nazaré, Maria me cativou
Fez mais forte a minha fé
E por filho me adotou
As vezes eu paro e fico a pensar
E sem perceber, me vejo a rezar
E meu coração se põe a cantar
Pra Vigem de Nazaré
Menina que Deus amou e escolheu
Pra mãe de Jesus, o Filho de Deus
Maria que o povo inteiro elegeu
Senhora e Mãe do Céu

Refrão:
Ave - Maria (3X), Mãe de Jesus!

Maria que eu quero bem, Maria do puro amor
Igual a você, ninguém
Mãe pura do meu Senhor
Em cada mulher que a terra criou
Um traço de Deus Maria deixou
Um sonho de Mãe Maria plantou
Pro mundo encontrar a paz
Maria que fez o Cristo falar
Maria que fez Jesus caminhar
Maria que só viveu pra seu Deus
Maria do povo meu

NOSSA SENHORA DA BERLINDA
Porque eu tenho esperança e muita fé
Porque eu quero ter amor bem mais ainda
Porque te amo, Senhora de Nazaré
Quero puxar a corda da berlinda

Refrão:
Ave, ave ó Senhora da Berlinda
Ave Maria este é meu grito de fé
Ave, ave, Deus te fez a flor mais linda
Ave, ave Maria, Senhora de Nazaré

A tua corda, me enlaça nesta hora
Me prende a Deus de corpo, alma e coração
Assim é doce ser escravo teu
Senhora servindo a Deus
Em cada homem meu irmão

Em Nazaré eras escrava do Senhor
Porém ninguém viveu maior libertação
Cordas de Deus te amarraram por amor
Foi a graça que prendeu teu coração

Puxar a corda da berlinda é para mim
O compromisso de levar-te e seguir
Pelos caminhos desta vida até o fim
É só fazer aquilo que Jesus pedir

PELAS ESTRADAS DA VIDA
Pelas estradas da vida
nunca sozinho estás
contigo pelo caminho
Santa Maria vai.

Refrão
Oh! vem conosco, vem caminhar
Santa Maria vem - bis.

Se pelo mundo os homens
sem conhecer-se vão
não negues nunca a tua mão
a quem te encontrar.
Mesmo que digam os homens
"tu nada podes mudar"
luta por um mundo novo de unidade e paz.

Se parecer tua vida
inútil caminhar
lembra que abres caminho
outros te seguirão.

Promesseiros

   Eles são uma das imagens mais emocionantes da Festa da Rainha da Amazônia. Além dos que vivem em Belém, chegam promesseiros do interior do Pará, de outros Estados e até de outros países. Todos reunidos pela fé, agradecendo graças alcançadas.

   Muitos seguem descalços a romaria. Outros vestem seus filhos de anjos, puxam a corda, distribuem água, carregam objetos de cera que representam curas alcançadas. Também é comum ver os fiéis carregando pequenas casas na cabeça e cruzes de madeira. O sacrifício às vezes supera os limites da dor e alguns fiéis seguem de joelhos toda a procissão.

   Museu - Os objetos carregados pelos fiéis são selecionados e parte deles vai para o Museu do Círio, que funcionou na cripta da Basílica Santuário até o ano de 2002, sendo transferido para o complexo Feliz Lusitânia em 2003. Outra parte dos objetos vai para a Estação dos Carros, uma espécie de depósito/museu com mais de 800 metros quadrados, que fica na área do Arraial de Nazaré, onde, durante todo o ano, ficam guardados a berlinda e os carros levados na grande procissão.

   Os objetos de cera danificados durante a procissão são derretidos e a cera é comercializada.

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